A moda como obra de arte

Olá, queridas! Como estão?

Primeiramente, gostaria de agradecer à recepção calorosa da Tetê em relação à minha participação no blog, e dizer que estou muito feliz de contribuir para esse projeto tão lindo e amado que é o MEC! Espero que os assuntos que eu trate por aqui estejam sempre em sintonia com o que as leitoras desejam!

Recentemente, vi na faculdade um anúncio de divulgação de uma mesa-redonda com o título “A moda como obra de arte”. Parei para pensar no quanto essa ideia é verdadeira, mas muitas vezes é negligenciada por muita gente, sobretudo os menos informados sobre moda. Aí vêm os grandes questionamentos: Moda é arte? Em que sentido?

Esse é um debate relevante, pois a cada dia surgem novas formas de arte e expressão, e muitas vezes posturas conservadoras impedem a disseminação das mesmas. Infelizmente, aceita-se muito facilmente a ideia de que moda é capricho, invenção de mulherzinha, e que o que é desfilado nas passarelas em todo o mundo é resultado de sandices dos estilistas. Contudo, o que muitas vezes se rejeita é que moda e arte estão intrinsecamente ligadas. Não é pelo fato de os produtos de moda serem mais comercializados que perdem sua essência artística. Pelo contrário, acredito que roupas, sapatos, acessórios podem significar arte acessível a (quase) todos.

Moda é arte porque, assim como ocorre em uma pintura, poema ou canção, tudo é fruto de um processo criativo, e, sendo assim, depende diretamente da capacidade imaginativa de seu criador. Um estilista, portanto, assim como um músico ou um poeta, faz parte de um processo de composição, no qual imagina, pensa, trabalha e molda a peça.

Deve-se notar, também, a importância da inspiração no processo de criação na moda: porque não dizer que os estilistas teriam suas “musas inspiradoras”? Assim como Tom Jobim compôs “Garota de Ipanema” para Helô Pinheiro, Marilyn Monroe e Audrey Hepburn serviram de inspiração para gerações de estilistas, com seus traços e estilos únicos, e são até os dias de hoje, ícones de beleza e elegância. Christian Louboutin, o designer de sapatos mais celebrado da atualidade, já declarou diversas vezes que muitas de suas criações são inspiradas em Blake Lively, a Serena de Gossip Girl.

Além do mais, têm sido cada vez mais comuns as alusões a obras de arte famosas nas passarelas. Estilos inteiros têm sido cada vez mais utilizados como referências e transportados para as coleções de grifes como Chanel, Dior, Gaultier etc. O resultado é divino, poucas coisas são mais divertidas na moda e na arte do que identificar no produto de onde veio a inspiração do autor para conceber aquilo. Quem não conhece o novo must-have das fashionistas do mundo inteiro, os óculos Baroque, da Prada? (De fato, se formos fazer um levantamento de todas as peças em que podemos identificar essas referências, isso seria assunto para outro post! ) Querem prova maior de que moda é, sim, arte acessível e consumível a um público cada vez maior e mais exigente?

Quero saber a opinião de vocês!

P.s. da Tetê: Como a Nath soube muito bem dizer é indiscutível que moda e arte possuem uma relação intrínseca. A moda ocupa as galerias e a arte ocupa as passarelas. Mas é claro que arte não define moda nem moda define arte. São áreas tão grandiosas e que carregam um caminho que se funde em algum momento, andam juntas. Não acredito que moda seja arte, acredito que moda contenha arte, mas que possua uma identidade própria. Assim como tantas outras manifestações artísticas, entre elas a música, o cinema, a dança… Talvez, nos dias de hoje, seja mais difícil definir arte do que moda. E definir qualquer uma das duas, no final das contas significa limitá-las, encaixar em um padrão… e a existência de atividades criativas é a completa falta de padrão, na minha opinião. Como a Nath falou a inspiração está em todos os lugares, para todos os criadores, quaisquer sejam suas áreas fim.

Democratização ou “orkutização”?

Hoje o M.E.C. ganha sua primeira colaboradora. O convite que fiz surgiu da vontade de trazer pra cá mais reflexões bacanas sobre moda e tudo que pode envolvê-la. Como ainda não tenho tempo nem pra respirar, convidei uma pessoa ótima para escrever aqui para vocês. Nas palavras da própria:

“Meu nome é Nathália (mas podem me chamar de Nath), completei 20 primaveras, sou estudante de Ciências Sociais e partilho com a Tetê da paixão por moda, arte e cultura. Semanalmente, estarei por aqui falando um pouco de tudo!”

Sem mais delongas, deixo vocês nas (boas) mãos dela. Espero que gostem tanto quanto eu!

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Olá, pessoas!

Pensando no que escreveria em meu primeiro post, decidi falar de um tema no mínimo polêmico e que tem sido muito discutido nos últimos tempos: a suposta “orkutização” de artigos de luxo, antes tidos como distintivos da classe média alta. Digo suposta porque tem, de fato, dividido opiniões. Há poucos dias me envolvi em uma discussão exatamente sobre a popularização de artigos como as bolsas Louis Vuitton e os relógios Michael Kors.

Percebe-se que o acesso dos brasileiros a produtos de luxo têm sido cada vez maior, mas isso é exatamente um reflexo do (bom) momento que a sociedade brasileira está atravessando. Cada vez mais pessoas saem às ruas com suas Speedy a tiracolo ou com moletons Abercrombie. E a quantidade de mulheres que passaram a ter condições de comprar um batom MAC? Difícil mensurar…

A grande questão é que muitas pessoas enxergam essa democratização do acesso como uma diminuição do prestígio do produto. Para muitos, o valor do produto reside exatamente no fato de que poucos também o usam. Leio muitos blogs, e em muitos deles vejo que muitas meninas se sentem incomodadas em verem seus relógios Michael Kors sendo utilizados por pessoas provenientes de classes com menor poder de compra.

Não vejo problema nenhum no fato de cada vez mais brasileiros terem condições de ir ao exterior e fazer compras por lá. Pelo contrário, acredito que esse é um indicador bem claro de que estamos no caminho certo. O que me entristece é perceber que muitos ainda acreditam que consumir moda, arte e luxo ainda é um privilégio de quem tem dinheiro, e que esse privilégio deve sim ser preservado e utilizado como distintivo, como se a moda de maneira geral fosse um círculo fechado do qual apenas as pessoas capazes de comprar as Balenciagas mais caras e as Chanel de alças de corrente originais pudessem fazer parte.

Felizmente, acredito que esse discurso tende a cair em desuso num futuro próximo, já que artigos de luxo como bolsas, sapatos, perfumes, relógios etc. de marcas famosas e caras caíram no gosto do povo e viraram sinônimo de investimento. Até mesmo o fato de os blogs de moda e beleza serem cada vez mais acessados pelo grande público indica esse avanço, não é mesmo? Além disso, exclusividade é questão de estilo: ter uma bolsa ou um relógio de uma marca específica não pressupõe exclusividade, mas o modo com que a pessoa usa, sim!

E vocês, o que acham dessa “polêmica”?

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Ps.: da Tetê -> E aí, gostaram???? Nath divide uma opinião igual a minha sobre esse assunto. Sempre enfatizei a importância do estilo próprio como identificador pessoal por aqui, né? Para quem não viu, fiz um post sobre esse assunto ano passado, leia aqui. Tem mais reflexões minhas antigas na Categoria “Conceito: moda”.